segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Organização do espaço cearense

O PAPEL DAS INDUSTRIAS NA DINAMICA ECONOMICA E SOCIAL CEARENSE*

Maria Helena Candido Silva**


Resumo

O presente trabalho pretende apresentar uma trajetória da indústria em nosso país voltando um olhar maior sobre a industria no Ceará e seus aspectos no setor econômico e social.


O processo industrial como afirma Milton Santos [1] não deve ser estudado levando em consideração só aspectos econômicos relacionado à criação de atividades produtivas , mas também devem ser considerados todos os fatores sociais e históricos que possibilitam o desenvolvimento e expansão dessas atividades.

“A industrialização não pode ser tomada aqui ,em seu sentido estrito,isto é, como criação de atividades industriais nos lugares,mas em sua mais ampla significação,como processo social complexo,que tanto inclui a formação de um mercado nacional,quanto os esforços de equipamento do território para torná-lo integrado,com a expansão do consumo em formas diversas, o que impulsiona a vida de relações (leia-se terciarização) e ativa o próprio processo da urbanização” (SANTOS,2005,30)

O processo de industrialização é indissociável do processo de urbanização, devido ao rápido processo de urbanização ocorrido a partir do fim da Segunda Guerra Mundial que devido aos progressos sanitários, melhoria relativa nos padrões de vida e a própria urbanização ,além de fatores exteriores como instabilidade econômica dos Estados Unidos e dos países europeus, propiciaram o desenvolvimento das industrias nacionais, como a introdução de mão de obra especializada e de investimentos europeus fugidos da zona insegura da guerra . No século XX devido também ao desenvolvimento industrial e a implantação de uma rede de transportes-rodovias,ferrovias e portos marítimos - o Brasil tornou-se o país de maior influencia na região platina.

Toda essa rede de transporte,comunicação e de informações deve ser produzida e tem papel importante na produção da atividade industrial que não se restringe só a fabrica é resultado dos setores de marketing, centros de pesquisas ,unidades de gestão entre outros.

Como afirma Almeida e Rigolin [2] a instalação de indústria no nordeste é resultado dos esforços do governo para dinamizar a economia regional através de políticas de incentivos fiscais adotada pelos governos nordestinos instalarem indústrias destinadas à exportação, separada do mercado consumidor interno investindo em infra-estrutura como na construção do porto do Pecém, que criam condições para a competividade econômica necessária para o desenvolvimento da região.

Para Ruiz e Domingues [3] “a atividade industrial ainda representa o elemento-chave do dinamismo econômico nacional e regional... a ausência de atividade industrial pode representar um obstáculo ao desenvolvimento,daí o interesse das políticas públicas no estímulo a descentralização dos investimentos públicos e privados.Tais políticas foram consubstanciadas no papel do Estado brasileiro na integração econômica do território nacional”.A indústria apresenta-se como fator importante na estruturação econômica dos

________________________________________________________________________________

*Artigo elaborado com requisito da disciplina Organização do Espaço Mundial

**Graduanda do curso de geografia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú.

______________________________________________________________________________

lugares,pois impulsiona o comércio,os bancos,os transportes e muitas outras atividades,aumentando o consumo local,já que criam novos empregos e aumenta a quantidade de pessoas que recebem salários.


Nos últimos anos muitas empresas têm se afastado de áreas mais industrializadas evitando problemas como o alto preço de terrenos,mão-de-obra mais cara,congestionamentos e poluição.Devido ao empenho do governo estadual de atrair industrias do sul do país e mesmo do exterior para se instalar no Ceará,oferecendo o terreno,construindo estradas,garantindo o fornecimento de energia elétrica,água,liberou também as empresas de pagarem impostos por alguns anos, foi o que aconteceu em Sobral para a instalação de Grendene,fábrica de sandálias de sandálias de plástico.A partir de 1993 a Grendene em poucos anos chegou à produção de 5 milhões de pares por ano,sendo que 10% dessa produção foram exportadas para vários países.Como a indústria atrai novas indústrias algumas instalar em Sobral para dar suporte na fabricação das sandálias como as que produziam caixa de papelão para embalar as sandálias e de pigmentos para colori-las.

Hoje as cidades médias e até de menor porte tornaram-se atrativas ao capital ,pois apresentam melhor qualidade ambiental, menores índices de violência, além de menor especulação imobiliária ,preços da terra e de mão-de-obra.Algumas cidades tornaram especializadas em alguns gêneros industriais propiciando vantagens econômicas.

Como explica Marlene Correa [4] a industrialização no Ceará começou bem mais tarde do que em outros estados,pois a produção de energia elétrica era insuficiente e muitos estabelecimentos usavam geradores.A partir de 1965 devido à energia gerada pela usina de Boa Esperança que começaram a istalarem indústrias de maior porte no Ceará,principalmente em Fortaleza,Sobral ,Juazeiro do Norte e Crato.Desde o inicio da industrialização ocorreu à concentração industrial na cidade de Fortaleza e nos municípios circunvizinhos,devido a várias políticas no sentido de descentralizar as indústrias, novas foram para Horizonte, Pacajus, Maracanaú, Camocim, Iguatu, Maranguape, Acarapé e outras cidades.

A maioria das indústrias é pequena ou micro indústrias,mesmo assim,os produtos fabricados são altamente competitivos,sendo vendidos em outros estados e também para o exterior como para os Estados Unidos,Japão e Itália. O processo de industrialização,no Ceará como explica IPLANCE [5] “não altera significamente o caráter tradicional da estrutura industrial pré-existente apesar de ter provocado certa diversificação e uma considerável expansão e participação do setor na estrutura do emprego e da renda estaduais ao longo do tempo.Para isso, concorreu à própria herança histórica dos ciclos do gado e do algodão,pelo fato de engendrar fontes acessíveis de matérias-primas para as indústrias locais.”

A indústria tem o poder de atrai mão-de-obra, serviços, investimentos públicos e privados e apresenta pontos negativos como o deslocamento populacional que devido à excessiva capacidade organizacionais e tecnológicas muitas pessoas são excluídas do mercado de trabalho,além de degradação do meio ambiente,relacionada à necessidade de expandir a área física ou na obtenção de matéria-prima.As transformações políticas,econômicas e sociais produzidas com a implantação de uma determinada indústria e determinada a partir de fatores internos como a condição financeira da população,a capacidade educacional,conhecimento,pesquisa e desenvolvimento não deixando de enfatizar a atuação dos agentes locais (elite empreendedora,lideranças comunitárias) que se constitui no principal agente do desenvolvimento local.

Muitas dificuldades são encontradas no desenvolvimento regional do Ceará as grandes empresas que muitas vezes que são beneficiadas com os incentivos financeiros e as micro,pequenas e médias empresas apesar de terem crescido o importância na cidade pelo fato de gerar emprego e renda ainda são colocadas em segundo plano. Acredito que toda essa discussão tem um caráter muito capitalista preservado por quem está no poder, beneficiar a população local que teve o seu cotidiano e valores alterados,muitas vez não pode opinar se obras ou implantação de empresas será benéfica para a sua vida.Mas o capital é quem rege a nossa vida social conviver e adaptar-se a exigência do mercado atual onde o papel das indústrias afeta bastante os aspectos econômicos e sociais,principalmente, torna-se além de importante é fundamental.






1.Em Urbanização Brasileira Milton Santos renomado geógrafo brasileiro faz uma breve explanação do processo de urbanização fazendo uma distinção entre urbanização da sociedade e do território,utiliza dados do projeto desenvolvido com a geógrafa Denise S. Elias e pela arquiteta Cilene Gomes que foi proposto por Darcy Ribeiro.

2.No capítulo do livro geografia-série novo ensino médio os autores falam sobre a distribuição da indústria brasileira e explica um pouco sobre o processo de desconcentração industrial pelo qual o Brasil vem passando nos últimos anos.

3.Em os desafios ao desenvolvimento regional brasileiro,os autores fazem um relato da organização territorial da indústria,capital nacional e estrangeiro e política industrial e regional.

4.Licenciada em história pela Faculdade de Filosofia,Ciências e letras Santo Tomás de Aquino (Uberaba,MG) e pedagogia pela Faculdade Nove de Julho (São Paulo,SP)

5. IPLANCE relatórios anuais sobre a produção industrial no Ceará.


Referências Bibliográficas


ALMEIDA,M.A e RIGOLIN,T.B.(2002) Geografia –série novo ensino médio.São Paulo:Editora Ática,pp. 423-426.

CORREA,Marlene.(2005) Ceará:geografia para a construção da cidadania,4ª série.2.ed.São Paulo:FTD,pp. 96-99.

DOMINGES,E.P e RUIZ,R.M.(2009) Os desafios ao desenvolvimento regional brasileiro.Revista eletrônica Territórios/Artigos,pp1-4.

IPLANCE (1994) Análise conjuntural da indústria da indústria de transformação cearense.Fortaleza,pp. 20.

NEVES,M de A. e PEDROSA,C.M.(2004) Reestruturação produtiva e desenvolvimento local:impactos na cidade de Divinópolis-MG.Belo Horizonte:PUC,pp. 182-189(In: Trabalho e cidade).

SANTOS,M.(2005) A urbanização brasileira.5.ed.São Paulo:Editora da Universidade de São Paulo,pp. 1-36.

SCARBELLI e DAROS.(1996) Vivência e descoberta em geografia,7ª série.ed. renov.São Paulo:FTD,pp. 132-140.


Nenhum comentário:

Postar um comentário